A verdade fundamental da tecnologia blockchain reside na sua capacidade de promover uma mudança relativa ao comportamento humano por meio da colaboração baseada na internet e na partilha e acesso seguro e democrático dos dados.

Esta mudança de comportamento cria resultados mutuamente benéficos para todos os intervenientes, garantindo a criação de mercados e sociedades mais justas e democráticas.

Para alcançar este desígnio em grande escala, é necessário um incentivo que motive os intervenientes a partilharem a sua informação, com a devida confiabilidade, chamado de token. Este elemento essencial sempre esteve ausente nas conhecidas blockchains empresariais tradicionais, que se concentraram principalmente em melhorar a qualidade dos dados do mundo real.

As blockchains empresariais surgiram como solução para esta questão, e no caso, dos mercados imobiliários europeus, para os tornarem mais transparentes, seguros, confiáveis e eficientes, mas para que isso aconteça temos de deixar de ter esta abordagem onde, a grande maioria dos intervenientes, devido a uma narrativa vendida nos últimos 40 (quarenta) anos, que a informação deve estar guardada em silos de informação fechados.

Pois bem, isto era certo há dez anos atrás, sendo que hoje em dia as pessoas, os cidadãos procuram e exigem transparência e os negócios terão de se adaptar a esta nova realidade e exigência por parte dos cidadãos.

Conheçamos então, melhor, o tipo de redes dentro deste conceito novo que são as redes descentralizadas e distribuídas, para que depois possamos fazer o paralelismo sobre qual a melhor solução para os mercados imobiliários europeus:

1. Públicas

As blockchains públicas permitem que qualquer pessoa faça parte delas;
O funcionamento da rede é totalmente transparente e aberto;
Não existem entidades centralizadas.

2. Privadas

O acesso à rede é restrito a entidades que são aceites pela unidade de controlo central;
O acesso ao livro de transações ou qualquer outro meio de informação gerado é privado;
A manutenção económica da rede é geralmente dependente da empresa que apoia o projeto.
Este tipo de blockchain geralmente tem os mesmos elementos que uma blockchain pública, mas ao contrário destas, as blockchains permissionadas dependem de uma unidade central que controla todas as ações dentro dela.

3. Blockchain Híbrida ou Federada.

O acesso à rede estão restritos a itens que só podem ser autorizados pelas demais unidades de controlo.
O acesso ao livro de transações ou qualquer outro meio de informação gerado pela rede é público.
O consenso da rede é dado por outros meios que garantem que os dados estejam corretos. Não há mineração ou criptomoedas.
O ecossistema é parcialmente descentralizado o que leva a um melhor nível de segurança e transparência da informação.
Este tipo de blockchain é uma fusão entre blockchains públicas e privadas. É uma tentativa de obter o melhor dos dois mundos. Nessas blockchains, a participação na rede é privada. Quer dizer, o acesso aos recursos da rede é controlado por uma ou mais entidades. No entanto, o livro-razão (ou melhor, a única fonte de verdade) poderá ser acedido de forma pública, caso essa seja uma informação de interesse público. No caso de a informação ser privada, deverá quem de direito e com esse interesse pedir o acesso á mesma, de uma forma bastante simples. Isto significa que qualquer pessoa pode explorar bloco a bloco tudo o que acontece neste tipo de rede, tendo em conta a importância e privacidade da informação em questão.

Este tipos de redes blockchain são muito úteis para governos e reguladores europeus, ou organizações empresariais que desejam armazenar ou partilhar os seus dados com segurança, obtendo um benefício financeiro por participarem na construção e manutenção de uma base de dados que servirá como única fonte de verdade para qualquer sector ou ecossistema da sociedade. No caso do mercado imobiliário, posso afirmar que devido ao seu contexto, e de haver inúmeros, demasiados, intervenientes com motivações completamente conflituantes, que este conceito faz todo o sentido e tornará o mesmo mais confiável por todos.

Por isso, o futuro do mercado imobiliário e a visão que tenho trazido nestes últimos 12 meses será baseado em tecnologia blockchain, para que de uma vez por todas consigamos desbloquear a transparência da informação deste mercado que é de interesse público, protegendo a restante informação que não pode ser pública de uma forma nunca antes pensada, criando uma única fonte de verdade e criando um incentivo financeiro para que todos os intervenientes se sintam motivados para colaborar neste novo paradigma onde o cidadão é colocado no centro de todo o ecossistema. E notem, refiro-me também ao regulador e às instituições governamentais que participam neste mercado.

Ao contrário das empresas de Analytics, a Unlockit decidiu resolver o problema pela raiz. Temos, todos os que se propõem a mudar o mercado, de colocar o cidadão no centro do nosso pensamento, e tornar de forma colaborativa o mercado mais justo, eficiente e transparente. Promovemos, desde que entramos no mercado, empoderar todos os intervenientes, sem excepção, e será assim que nos iremos comportar. Sei que este mercado é muito dado a desconfianças radicais sobre tudo e sobre todos, mas nós seremos os percusores de uma atitude distinta, sempre honesta, íntegra.

Deixo uma pequena pergunta.

Porque razão um qualquer cidadão não tem acesso ao preço de venda das casas? Que razão forte existe para que esta informação não esteja disponível a qualquer cidadão, à distância de uns simples clicks?

Alguém que me possa explicar, porque até hoje, ainda não encontrei nenhuma razão e esta é uma das minhas primeiras missões enquanto empreendedor, porque sei que ao fazê-lo estarei a melhorar o mercado e a tornar a sociedade melhor. Em 2019 a diferença entre o preço pedido de venda e o preço real de venda foi de 22% em Lisboa e 30% no Porto e portanto é aqui que começa a especulação imobiliária.

Não pensem na tecnologia blockchain apenas como uma ferramenta. Podem pensar na mesma como uma ferramenta com a capacidade e requisitos certos para oferecer uma melhor governança aos negócios e à gestão, manutenção e disponibilização da informação. Merecemos mais e melhor, porque no final do dia, somos todos cidadãos.

Para além de toda a inovação que estamos a criar em termos da digitalização e automação de um qualquer processo de uma transacção imobiliária europeia, queremos e iremos criar instrumentos financeiros que atacam um dos grandes problemas deste mercado: a falta de liquidez, bem como queremos de uma vez por todas tentar criar um produto para o mercado de arrendamento europeu.

A nossa missão está certa, completamente certa. Talvez seja por isso que as instituições públicas e governamentais de Portugal e Espanha estão dispostas e muito interessadas a se sentar e conversar connosco e criar planos de ação de curto/médio prazo para que essa mudança possa acontecer através de parcerias de co-inovação.